12.5.07

Roupa a lavar (2)


This one goes out to the one I love
This one goes out to the one I left behind

A simple prop - to occupy my time

This one goes out to the one I love

(The One I Love, REM)


Um pouco de disciplina nunca fez mal a ninguém. Depois de meses e meses sem levar muito a sério o ginásio (academia), eis que começo a criar uma rotina de treino e a surpreender-me com a rapidez que estou a voltar à forma antiga. Ainda não estou lá, mas chego lá, chego pois.
Só que, como em tudo na vida, ganha-se num lado e perde-se noutro. Como estou mais seco, recupero o número que sempre me acompanhou enquanto jovem adulto (embora, hoje, eu esteja mais, em rigor da verdade, para adulto ainda jovem…), mas, em contrapartida, dois pares de jeans comprados não há muito tempo começam agora a não me assentar tão bem. E há coisa pior do que uns jeans com pano a sobrar onde não deve? Bom, pior há, mas que não gosto de ver, não gosto. Já ando a sondar o mercado em busca de novos modelos, mas as opções são tantas que, em vez de me facilitarem a vida, só complicam. Cintura mais acima, cintura mais abaixo, bolsos dos lados ou chapados, ganga escura ou pré-lavada, pernas mais largas ou mais estreitas, costuras mais ou menos visíveis… Admito que é uma preocupação fútil, mas um homem tem direito a sonhar com uns jeans que lhe assentem bem, ou não? Que saudades tenho de quando bastavam uns simples Levi’s 501 para eu me dar por satisfeito…

Como tenho a mania que sou moderno ― um “clássico moderno” como alguém teve a finesse de me catalogar um dia (ou seria antes um moderno clássico?) ―, faz um ano que aposentei as minhas trocas constantes de barbeiro (agora são todos cabeleireiros, mas eu continuo a achar piada ao termo antigo) e decidi fidelizar-me a um cabeleireiro da moda (a este não dá mesmo para chamar de barbeiro!), ali para os lados do Chiado, na Baixa lisboeta. Pois bem, como é muito solicitado, o dono do salão só arranjou tempo para colocar as preciosas mãos de mago "Vidal Sasson" no meu couro cabeludo uma ou duas vezes no máximo ― e olhe lá! ―, pelo que tenho andado entregue aos seus “meninos”.
Adiante. Desta última vez, calhou-me em sorte um tal de Rui. Sei lá eu quem é o Rui, não conheço nenhum Rui, argumentei quando fiz a marcação por telefone ― no barbeiro, eu chegava sem avisar e era sempre atendido, mas nos cabeleireiros, ai de quem não marcar hora! ―, mas não tive sorte nenhuma: a recepcionista, cuja cor de cabelo me lembra um chiclete mascado, garantiu-me que a estrela do salão não tinha vaga para me atender nos próximos dias e que o Rui é um bom profissional, que já trabalha lá há muito tempo, coisa e tal… Fazer o quê, resignei-me. À falta de melhor, fui de Rui mesmo.
Depois de ter explicado ao Rui, que se revelou um rapaz simpático, o que queria, é claro que o Rui não cumpriu à risca aquilo que eu lhe tinha pedido. O Rui fez as coisas à sua maneira e eu saí de lá a jurar a mim mesmo que o Rui não voltaria a pôr as mãos no meu rico cabelo. Mas não é que, passados uns dias, tenho de dar a mão à palmatória! Há muito tempo que não me gostava tanto de ver com um corte de cabelo. Que nos sirva a todos de lição: não rejeitem à partida um Rui cujos talentos desconhecem!

Aproveito uma viagem de trabalho para marcar um almoço com um antigo colega de faculdade, que não vejo há um bom tempo. Nunca fomos amigos íntimos, mas também nunca perdemos o contacto por completo ao longo dos anos. Nos tempos de farra da universidade, fiquei com uma certa desconfiança em relação à sua sexualidade ― não que ele desse pinta, até pelo contrário ―, mas foi coisa que nunca me preocupou por ai além (também eu, na altura, não estava para aí virado, mas hoje vejo que o radar já funcionava…). Uns anos depois da formatura, começo a ouvir uns zunzuns, sempre muito discretos, de que o tal colega estaria a viver com um sujeito. Não fiquei totalmente surpreendido, como imaginam. Neste almoço, a sós, senti por mais de uma vez que ele esteve quase a tocar no assunto, mas decidi não ir por ai. Até me faria bem ter com quem desabafar, mas moramos longe, o nosso contacto é esporádico e não adiantaria de nada. O almoço serviu-me, no entanto, para confirmar outra suspeita: um outro colega de curso (de um ano a seguir), que deu em cima de mim numa noite de copos durante uma viagem de trabalho ― e de quem já falei aqui ―, é do ramo e não se faz rogado a “cantar” quem lhe interessa. Esse, se fosse hoje, não me escaparia ― é um tipo charmoso e inteligente, cujo trabalho, na mesma área que a minha, acompanho à distância.

Volto ao cenário do ginásio. De repente, um tipo (cara) que não reconheço à primeira (nem à segunda...), interpela-me e pergunta-me se não era do curso X da universidade Y… Sou apanhado à queima-roupa ― a verdade é que vinha do banho e estava apenas enrolado numa toalha, o que, convenhamos, não facilita a conversa com fulanos de quem nem nos lembramos mais ―, mas lá respondo que sim. Como a minha universidade era um ovo, em que todos se conheciam, acabo por perceber que o fulano estava um ano ou dois mais adiantado do que eu e que no meu último período universitário o tive como assistente de um professor. O fulano deu-me na altura o único 18 que tive durante o curso. Abençoado! E, passados uns bons anos, não é que ainda se sai com esta pérola: você está tal e qual! Não estou, mas o facto de lhe parecer que estou igual ― e olhem que durante o curso nunca nos vimos com tão pouca roupa em cima! ―, caiu-me bem. Agora, sempre que o vejo, faço questão de o cumprimentar. Lol

De novo no comboio (trem). Tenho que começar a ter cuidado. Já vos disse aqui que estou naquela fase de novidade em que o olhar é um brinquedo. Pois eu, como não quero de todo expor-me, nem faz o meu género andar a engatar (azarar) na rua, tenho de refrear o meu olhar de provocação. Desta feita, um rapaz, uns bons dez anos mais novo do que eu, senta-se à minha frente. Tem uns olhos verdes bonitos e percebo-o várias vezes a mirar-me discretamente. Por mais de uma vez, flagrámo-nos um ao outro. É o tipo de coisa inocente e sem consequências ― e que me faz bem ao ego, afinal ele era mais novo do que eu, mas ainda assim não lhe fui indiferente ―, mas não me posso dar ao luxo de (continuar a) correr este tipo de riscos.

Tenham um bom fim-de-semana, que eu também vou fazer por isso, ai se vou!

12 comentários:

Eme disse...

Acabei eu de chegar de Oz e vim parar aqui por acaso. Adorei a citação no teu perfil.Posso voltar e reler? Não pude mesmo deixar de sorrir hoje quando li..Oz! Estranha e doce coincidência
Bjs

BlueBob disse...

Oz,

preciso de um Rui aqui para cortar meu cabelo e ter a mesma sensação que vc. E começar a chamar a atenção na academia, no trem, etc.

Beijos

Superfunky disse...

Eu tb estou a pensar em ir cortar la o cabelo lololol

Anónimo disse...

mas então ultimamente os garotos portugueses estão caindo em cima né hehehe :D


o/

Anónimo disse...

Sintetizo tudo o que dizes, as diversas vivências numa frase simples:É a vida, vive-a...

Will disse...

Eu bem tento fazer mais exercício, lol... mas custa-me tanto!!!

Anónimo disse...

Cada vez gosto mais de te ler...
Fazes parte do meu dia a dia...revejo-me muitas vezes!
Abraço!

Pralaya disse...

Sabe sempre bem quando nos mima-mos um pouco, e mais ainda quando alguém repara em nós pricipalmente se é mais novo ;)

Dawson disse...

Querido...

torço pelo dia em que você vai nos relatar que um desses flertes rendeu a você uma ótima surpresa! rsrs

Abração!!!

Anónimo disse...

ADOREI O POST

BEIJOS






HAIRYBEARS
http://hairybears.blogspot.com/

Anónimo disse...

Esses portugueses são todos tarados, hein? E que trem é esse, cheio de gatinhos interessados? Ah, a Europa... :-)

Beijo!

Aequillibrium disse...

vida agitada a tua...
tenho de encontrar um rui para mim.
;)