
Oh, why you look so sad? Tears are in your eyes
Come on and come to me now.
Don't be ashamed to cry, let me see you through
Cause I've seen the dark side too.
When the night falls on you, you don't know what to do,
Nothing you confess could make me love you less
I'll stand by you, I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you.
So, if you're mad get mad, don't hold it all inside,
Come on and talk to me now.
And hey, what you got to hide? I get angry too
But I'm a lot like you.
When you're standing at the crossroads, don't know which path to choose,
Let me come along, cause even if your wrong
I'll stand by you, I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you.
Take me into your darkest hour, and I'll never desert you.
I'll stand by you.
And when, when the night falls on you baby, you're feeling all alone,
You won't be on your own, I'll stand by you. I'll stand by you
I'll stand by you, won't let nobody hurt you. I'll stand by you
Take me in into your darkest hour and I'll never desert you
I'll stand by you.
(I’ll Stand by You, por The Pretenders, escutar aqui)
Não me apeteceu fazer pendant. A música não tem a ver com post, nem o post combina com a imagem. Estão aqui porque me apeteceu. Tout court. O que não quer dizer que não haja um motivo para essas escolhas terem sido feitas e um nexo de causalidade. A música, elegi-a pela mensagem. Uma mensagem que quis passar. A uma pessoa em particular. A imagem porque é de um filme que gosto. Melhor. É de um filme, O Talentoso Mr. Ripley, que me lembra o Verão, Itália e uma certa forma dandy de estar na vida a que não sou indiferente.
Quanto ao tema deste post, quem leu o anterior vai achar, e não os condeno, que ando a ver televisão a mais. Pois é, o noctívago que há em mim não me deixa ir para a cama cedo como qualquer outro comum mortal. Resultado, entre um ou outro dever, arranjo sempre maneira de espreitar um seriado. Acompanho vários ao mesmo tempo. E nem sempre sigo o fio à meada. É o que acontece com o já citado Brothers & Sisters. Noite dentro, apanho mais um episódio desgarrado da primeira temporada. Não é a continuação do último que vi, mas o bom destes enredos é que não precisamos de muito para entrar na estória. Desta vez, a matriarca do clã Walker (Sally Fields) está com o filho gay na cozinha (Matthew Rhys). Depois de ter ficado viúva e de ter descoberto que foi traída pelo marido durante uma boa parte do casamento, ela está a ressuscitar um talento antigo para a pintura e para a escrita criativa. Pede a opinião do filho sobre um trecho que escreveu e fá-lo porque, segundo ela mesmo confessa, “ele tem maior sensibilidade do que os irmãos” para poder avaliar o seu talento… A réplica do filho ― “ O que tu queres dizer é que sou gay…" ― não surpreende, pois era a resposta óbvia naquele contexto, mas deixou-me, uma vez mais, em estado meditativo: desde quando é que se tornou ponto assente ou legítimo esperar que os gays possuam uma maior sensibilidade artística e um gosto mais apurado?
Admito, se é que ainda não ficou claro para quem habitualmente me lê, que sou, por norma e por feitio, avesso a generalizações. Quero dizer que não me conformo facilmente com essa mania de arrumar tudo e todos no mesmo saco. Mesmo conhecendo muito poucos, estou certo que haverá por ai muito gay sem o menor talento, ou interesse, para escolher e combinar roupa. Mas isso leva-me também a um outro preconceito, que notei existir mesmo na comunidade gay, e que passa por associar essa maior “apetência” ao lado feminino, como se um homem com maior sentido estético fosse, necessariamente, menos viril. Depois, insisto: desde quando é que se tornou, também, ponto assente que gostar de roupa ou de flores, por exemplo, é sobretudo coisa de mulher?
Meço o caso por mim. Gosto de roupa, já gastei mais do que deveria numa ou noutra peça, sou capaz de folhear uma revista de moda, até sei quem é Tom Ford, mas se me perguntarem, assim de rajada, quem é o Dolce e quem é o Gabbana, o mais certo é eu hesitar e falhar a resposta. Da mesma maneira, e sobretudo graças a uma profissão que me possibilitou o acesso a determinados lugares, acabei por desenvolver um certo sentido estético e gosto pelo design de interiores. Talvez por isso, muitos familiares e amigos fiam-se na minha opinião a esse respeito e não se admiram mais por eu sentir necessidade de mudar ciclicamente uma ou outra coisa na decoração da minha casa. O curioso é que eu me retraio muito mais de fazer alarde disso do que eles… Vai ver porque eu sempre acho que se um dia vierem a saber que sou gay vão logo associar uma coisa à outra. Ou seja, o preconceito parte de mim e isso, claro está, irrita-me.
Por outro lado, há ideias que estão de tal forma enraizadas que não adianta de muito sequer colocá-las em causa… Veja-se o caso das mulheres e dos gays. Não há filme ou seriado que não bata na mesma tecla, ou seja, a de que as mulheres não dispensam os gays quando acabam um relacionamento, e lhes dá muito jeito ter por perto um homem que as saiba ouvir e mimar sem segundas intenções; e quando vão comprar roupa, pois parece que os gays batem aos pontos os heteros, homens e mulheres, nessa hora: olham de perto sem sentir a tentação dos primeiros e opinam com a sinceridade que falta muitas vezes às segundas... A minha primeira reacção é franzir o sobrolho a tal redundância grosseira, mas, aqui entre nós, pensando bem, ambas as situações não são assim tão improváveis como isso… E quem nunca se viu numa "armadilha" idêntica que atire a primeira pedra!
Para rematar, continuo sem saber se os gays, de uma forma geral, possuem ou não um maior sentido estético, agora que são, cada vez mais, um alvo a seduzir disso não tenho dúvida. Depois de descobrirem que os casais gays, os chamados DINK (Double Income, No Kids) têm bom poder de compra, as grandes marcas estão apostadas em apelar descaradamente à sua veia hedonista. A mais recente é a campanha da Levi’s 501 (ver aqui), que se deu ao trabalho, e à despesa, de criar para o mercado norte-americano um filme publicitário com duas versões: uma para os meninos que gostam de meninas e outra para os meninos que gostam de meninos. Então e as meninas que gostam de meninas? Bom, pode ser que se lembrem delas quando escolherem um outro modelo de calças... Digo eu... ),