10.9.07

Fitas

Querelle, por Andy Warhol

Take 1
Há dias, li na imprensa que Jake Gyllenhaal, que desempenhou o papel de Jack em Brokeback Mountain, estaria a ponderar a hipótese de tornar pública a sua homossexualidade em breve ― assumindo, de uma assentada, o suposto companheiro de há vários anos e a suposta vontade de ambos em adoptarem uma criança. Não foi a primeira vez ― nem será a última, aposto ― que se especulou sobre a sexualidade de Gyllenhaal, pois ele, por mais que seja visto a namorar com mulheres desejáveis como Reese Witherspoon ou Kirsten Dunst, não se livra dos que querem fazer dele ― à força, parece-me ― um porta-estandarte da causa gay.

É-me perfeitamente igual se Gyllenhaal é gay ou não, mas já esta obsessão da sociedade moderna ― muitas vezes mascarada de politicamente correcto, o que torna tudo ainda mais sinistro a meu ver ― não me passa ao lado e só faz aumentar a minha aversão a todos aqueles que não descansam enquanto não está tudo devidamente arrumado e etiquetado.

Serve isto para dizer que, agora que me tenho dedicado mais a pensar no assunto, noto haver, não raras vezes, uma falsa aceitação, ou uma aceitação condicionada se preferirem, entre os que dizem (con)viver bem com a sexualidade alheia ― os que não aceitam nem são para aqui chamados. O facto é que, posso ser eu a estar de má vontade ― acontece ―, mas constato que muitos ― a maioria, eu diria ― dos que se dizem “gay friendly” o são desde que as (suas) conveniências se mantenham, o que implica:

  1. O familiar, amigo ou conhecido que é gay assumir a sua “condição” para que todos saibam com o que contar. Evitam-se assim, dizem, embaraços e constrangimentos de parte a parte.
  2. O familiar, amigo ou conhecido que se assume como gay não deve fazer alarde da sua “condição”, o que equivale a dizer que todos devem saber que ele é gay, mas ele não deve comportar-se ― em público, pelo menos ― como tal. A sua aceitação em festas e convívios só será bem vista ― e até incentivada, afinal, ser moderno implica também, porque não, ter um amigo, colega ou primo gay ― desde que ele seja a excepção à regra ― e a regra é que os gays são espalhafatosos, têm trejeitos femininos e são promíscuos.

Admito que seja cisma minha e que a mesma se deva, em parte ou no todo, ao facto de ter vivido até agora como heterossexual aos olhos dos que me rodeiam. Uma “condição” que me habilita a ouvir os comentários e as piadas que boa parte dos que se dizem “gay friendly” ― a maioria, volto a insistir ― continua a fazer sempre que o amigo, o colega ou até o familiar gay vira as costas ― as mulheres, inconformadas, tendem a soltar um “mal empregado”, ao passo que os homens, os que honram o género, vêem e tratam os outros homens, os que não honram o género, como caricaturas grosseiras.

Talvez por isso, textos como o que circulou há uns tempos na blogosfera, e que tanto entusiasmo causou por nele o autor defender que não há homossexuais ― partindo do argumento, à primeira vista, muito razoável e saudável de que se uma pessoa não diz ter orgulho em ser hetero, também não há motivo algum para uma outra insistir em declarar o seu orgulho gay ―, me deixem de pé atrás. É que fico na dúvida se essa é uma forma efectiva de aceitar os gays, com tudo o que eles possam ter de particular, ou se é apenas uma maneira de dizer “nós aceitamo-vos, mas deixem-se estar quietos nos vossos cantos e não façam barulho. Não dêem nas vistas e finjam que são normais”.

Uma coisa é certa, esta minha forma de estar e de ver as coisas tem-me valido críticas por parte de alguns gays, que não se conformam quando eu digo não sentir a menor urgência em contar seja a quem for das minhas relações mais íntimas que estou a assumir para mim a minha porção gay ou até a dar os primeiros passos num relacionamento com outro homem. Mas eu vou mais longe: se um dia sentir necessidade de o fazer será, tenho a certeza, não pela obrigação moral ou por descargo de consciência, mas, tão só, porque ― tal como Gyllenhaal, a ser verdade o que se disse ― vou ter alguém ao meu lado com quem não me apetecerá viver às escondidas. Fá-lo-ei por mim e sempre a pensar na minha maior comodidade, mas certo de que os outros ― mesmo os que me amam e que eu quero acreditar serem capazes de ultrapassar esse detalhe ― não mais me olharão da mesma forma. Cínico, dirão alguns. Realista, contraponho eu.


Take 2
Por sugestão do Maurice, voltei a uma das minhas salas de cinema de eleição em Lisboa ― o King, mas também está em exibição no Monumental ― para ver Mysterious Skin. Realizado por Gregg Araki, este filme insere-se na corrente que agora se entendeu designar por “new queer cinema”, mas eu, que já provei ser avesso a rótulos, saliento, precisamente, o facto deste apresentar-se, sobretudo, como um óptimo momento de cinema para todos aqueles que, independentemente de orientação sexual, gostam de uma boa estória e ainda não perderam a capacidade de se comover com ela.

Tudo começa com dois miúdos que, aos oito anos, são abusados sexualmente pelo seu treinador de basebol. Para um deles, trata-se, aparentemente, de uma experiência indolor que lhe permite aflorar a sua homossexualidade já então latente, mas vem a descobrir mais tarde ― ao ser violado de novo, dessa feita de forma brutal e traumática ―, que prostituir-se sistemática e inconsequentemente não mais foi do que uma maneira de tentar iludir o vazio deixado por essa sua iniciação sexual precoce. O segundo, o mais tímido, varre da sua memória o que lhe aconteceu, mas, por isso mesmo, é quem fica mais fragilizado, chegando ao ponto de acreditar que foi abduzido por extra-terrestres. O reencontro entre ambos, enquanto jovens adultos, é um momento de grande crueza, mas ao mesmo tempo de uma ternura quase lírica, em que um e outro vão ser obrigados, finalmente, a confrontar-se com o que lhes aconteceu e como tal condicionou as suas existências.

Recomendo vivamente a quem (ainda) não viu. Em alguns momentos, este Mysterious Skin lembrou-me o My Own Private Idaho, de Gus Van Saint.

20 comentários:

Anónimo disse...

Eu vi esse filme! Eu vi esse filme! Realmente supimpa... E sobre a aceitação do gay, é... é exatamente como você falou. A gente quer rotular tudo rapidamente e, de preferência, segundo nossos ideais de comportamento (pode ser gay mas não espalhafatoso). Fosse o Bichinho menos tímido, agarrá-lo-ia pelo menos na presença desses amigos. Mas no mais a gente vai vivendo e tentando ser feliz sem dar satisfações a não ser a nós mesmos. Pelo menos assim imaginamos estar fazendo. Sei lá... meu pensamento sobre o tema varia bastante.

Quando vem pra SP??

Beijoca.

RIC disse...

Fico-me pelo «Take 1».
Esta tua reflexão está muito próxima (para não dizer que é absolutamente coincidente) do que penso do «folclore social» que por via do politicamente correcto e das «toleranciazinhas da moda» tem vindo a alastrar como fogo em palheiro.
É sobretudo a sensatez, o bom senso, o realismo de cada um que estão em causa na questão de abandonar ou não o armário. Em e por princípio, nada tenho contra. Quando o fiz em relação a um grupo seleccionado das minhas relações foi com a convicção (nunca infalível…) de que essas, pelo menos, não escarneceriam de mim pelas costas. Quanto a todas as outras que implicitamente sabem ou desconfiam, é-me indiferente o que pelas minhas costas possa acontecer. Todos sabemos que o respeito se conquista e que nos é demonstrado nos mais ínfimos pormenores do relacionamento quotidiano. É aqui que me interessa separar as águas. Tudo o mais me escapa e, portanto, não me interessa.
Uma coisa é certa: ser-me-ia hoje muito difícil, para não dizer impossível, relacionar-me de algum modo com pessoas que, na minha presença, insultassem homossexuais, tendo eu de fazer de conta. Essa época é para mim definitivamente pretérita. E agrada-me muito que assim seja.
(Excelente a imagem em anexo!)
Um abraço! :-)

Maurice disse...

Olá!
Ainda bem que gostaste do filme. E concordo completamente com essa percepção da "ternura quase lírica" do reencontro dos dois rapazes..

Quanto ao take 1:
Não vivo abertamente a minha homossexualidade. Mas nos últimos anos tenho alargado o círculo daqueles que conhecem também essa parte de mim. Como o tenho feito apenas com amigos com quem tenho uma boa relação de amizade, nunca tive reacções negativas. Pelo contrário.
Num círculo mais alargado que, não sabendo, desconfia, sei que as reacções são mesmo essas que referes. Mas desses, como diz o Ric, não quero saber...

O politicamente correcto não anula os preconceitos. Só os inibe...

Abraço

Will disse...

Há de facto verdadeira poesia no reencontro de ambos: é impossível ficarmos indiferentes.

Agora vai lá ver o "Goya's ghosts": parece-me que também encontrarás muita ternura naquele final =)

João Roque disse...

Amigo Oz
quanto ao filme, há muito que o tenho na minha colecção de filmes de temática gay; como estive fora, nem sabia que estava a ser exibido comercialmente cá, finalmente! é um excelente filme.
Quanto ao tema da "saída do armário", é muito curioso eu estar a viver o assunto uma segunda vez, por interposta pessoa; quando me assumi, fi-lo gradualmente, sempre nos momentos e ás pessoas adequad@as, e acima de tudo, sempre de uma forma natural. Assim deveria ser sempre.
O actual momento é para mim, neste caso, também difícil, possìvelmente mais, pois ultrapassa-me; é o caso do meu companheiro não ser assumido, nem o poder ser, mìnimamente, tal a homofobia reinante no universo que o rodeia; sendo assim, das vezes em que o visitei, isso me fez passar por situações de clandestinidade, às quais já não estava habituado.
Um abraço.

Râzi disse...

Meu Padeiro... nem sei o que dizer... mentira, sei sim!!!

Bom, é tudo muito complicado! TEm gente que defende, tem gente que ataca! E o mundo vai continuar assim até que o mundo se acabe!

O problema é que queremos as coisas muito bem definidas! Porque uma mulher não pode lamentar um gay do qual se atraia? Para ela, pelo menos, não é um desperdício???

E até nós mesmo fazemos piada de nós, porque vamos ter que querer que os outros nos tenham um respeito que é praticamente impossível?

Tudo tem que ter a sua medida. Nem demais, nem de menos!

Vamos sim, querer respeito! Mas não reverência!

Agora, meu lindo, eu não me assumi.. mas vivo com o homem que amo! Essa coisa de assumir publicamente, levantar bandeiras, não tem motivo de ser! Viva como quiser! E quem disse que vc tem que contar, mesmo pra sim mesmo, que é gay, simplesmente porque achou a sua pessoa???

Beijão, meu lindo!

E como minha mestra constumava dizer em seus livros, o mundo continuará como é, independente do que eu ou você desejarmos!

:D

Poison disse...

Olá Oz!!!
Bem, sobre o Take 2: valeu pela dica. Quando possível, vou assistir ao filme... ando sempre na caça de algum que valha a pena!!! Se vc endossa, deve mesmo ser bom!

Sobre o Take 1: Tem uma hora na vida de cada pessoa que ela precisa tomar uma decisão: ou ela se preocupa com os outros ou com ela mesma. Feita essa escolha tudo se simplifica, acredite!

Se, como vc deixa entendido no seu post, és o tipo de homem que faz as coisas "por você e pela sua comodidade", nem vejo motivos para o questionamento. O mantra do individualista é o "danem-se os outros", ora bolas! Quem quiser (família, amigos, ficantes, colegas) gostar de você vai ter que gostar do que você escolher ser também. E, meu amigo, podemos ser tudo que quisermos na exata medida que desejarmos!

Ás vezes acho que o problema dos "gays" ou "talvez-gays" não seja "a reação dos outros" mas sim "a sua própria reação frente a reação dos outros". Mas na real, também não sei de nada... hahahahaha!!!

Desculpe o excesso... me empolguei!

PS: Agora, se o Jake Gyllenhaal estiver disponível, por favor, avisem!!! Hehehehehe!!!

Abraços!!!

Anónimo disse...

Nunca vou entender esse dilema! Vem ou vai?! ser ou não ser?! revelar ou esconder?!

Jamais coloquei em causa o que quer que seja relacionado com a sexualidade dos outros e da minha. É-me indiferente (e é mesmo uma maçada saber) com quem o "Outro" dorme, desde que não me tire os cobertores quentinho nas noites de frio.

...Talvez porque tenho uma costela holandesa. A Holanda, nestes casos, faz muitíssima diferença.

Anónimo disse...

Compreendo.

Sou assumido e sei o que isto me custou. Mas, não tenho nenhum arrependimento de ser gay. Tenho apenas um certo desgosto por todos aqueles que se dizem gostar de mim.

beijos!

Miss Vesper disse...

concordo plenamente contigo! e desculpa esta minha entrada aqui assim de rompante mas de facto não percebo a mania generalizada de pôr rótulos em tudo... que o façam nas respectivas cozinhas, até porque misturar salsa e coentros pode não ser a melhor indumentária num arroz de marisco por exemplo, vá não vá, mas extrepolarem para o resto? valha-me a santa paciência...

desculpa-me o vernáculo: mas não há cú para gente armada ao "friendly" com um "mas" sempre a saltitar em cada frase que começam e nao terminam... e mais não há cú para rótulos e podemos começar por essa mania de identificar "queer" movies...

não tenho pachorra para rótulos, na minha humilde opiniao, são apenas as bussolas dos perdidos...

e como já abusei...

beijinhos e Obrigada pela sugestão cinéfila e por palavras tão sentidas:)

FOXX disse...

ah
pobres atores que fazem homossexuais
se tornam estandartes mesmo
mas ele soh se tornou um estandarte porque o personagem dele é uma exceção, como vc mesmo disse,
se ele não fosse a exceção, como em filmes como Priscila, a rainha do deserto, ou Gaiola das loucas e Cruzeiro das loucas, ai nada disso estava acontecendo...
o gay não efeminado tem se tornado o único modo de gays serem aceitos, e a "comunidade" gay tem aceito isso sem maiores discussões sobre o assunto...

Yvonne disse...

Oz, vim aqui por indicação do meu grande amigo Edu e adorei ler o que você escreveu. Sobre o assunto homossexuaLISMO ou homossexuaLIDADE, eu ando de saco cheio até mesmo desse falso "politicamente correto" que me impede de falar a palavra homossexualismo. É um cuidado mentiroso, visto que na hora do vamos ver, as pessoas não têm o menor cuidado com os direitos dos homossexuais.

Não gosto de rotular ninguém por causa de suas preferências sexuais. Não deveria existir nada disso, com bem disse o Edu. Nós somos pessoas e não homo, hétero ou bi. Somos gente que ama, odeia, faz canalhice, tortura, ama, chora, maltrata e tudo mais que diz respeito à natureza humana.

Não sei se esse ator é gay, mas, caso não seja, eu acho injusto que ele vá servir de modelo, ídolo ou porta-voz de qualquer movimento. Não gosto da insistências de grupos, principalmente americanos, que insistem que as pessoas devem sair dos armários. Sai do armário quem quer. Se alguém não se sente preparado para tal, então deve ficar no lugar onde encontra segurança. O nome disso não é falsidade e sim preservação da sua intimidade e individualidade.

Meus parabéns pelo irretocável post.

Beijocas

Alberto Pereira Jr. disse...

com certeza é cool agora se dizer friendly.. ter amigo ou conhecido gay.. e sim, ao virar-se as costas as piadinhas continuam....

tb não rídiculo essa história de querer forçar o outing das pessoas públicas.. se elas quiserem viver sua sexualidade na sua privacidade é um direito delas...

o preconceito está longe de acabar e atitudes como essa de se rotular as pessoas não ajuda em nada

Unknown disse...

Amigoooooooooooo! blz? Vc sempre com posts ótimos! Sabe que adoro o que escreve, né? Tanto qeu fiquei muito curioso sobre o filme! Quero assistir logo! E se parece tanto com o Mi own private idaho, vou curtir muito, tb! Beijos!

BlueBob disse...

Olá Oz!

É um saco esse mundo movido a rótulos! Pra que isso? Será que ao sermos rotulados como gays perdemos nossas qualidades que até então eram apreciadas? É claro que não! Me irrita essa situação. Mas, como disse o Ricardo, ou a mestra dele, o mundo continuará assim.

Abraços

João Visionário disse...

Sabes que eu concordo plenamente contigo no que toca á questão de te assumires ou não e quando o devemos fazer.
Eu, se não fosse o Filipe, ainda hoje manteria os meus pais, e grande parte das restantes pessoas, na ignorancia da minha condição sexual... para quê contar-lhes? só para saberem? só para me etiquetarem?
Agora, tendo alguém do meu lado é diferente, mais a mais alguém como o Filipe. Ele é o homem da minha vida... Aquela paixão asolapada dos filmes mas que não amornece... aliás, mantem-se mais viva ainda do que no primeiro dia, e isto eu não queria nem poderia esconder.
Os meus pais souberam quase desde o inicio e os amigos mais chegados, e com quem me quero sentir á vontade para falar dele, também o sabem... no entnato contei porque quis e porque entendi que o deveria fazer... não porque o entenderam por mim...

Moura ao Luar disse...

Hellooooo rapidinha só para te dar um beijo

Râzi disse...

Padeiro, cadê vc???

TOTUS TUSS - TODO TEU disse...

Muito bom!!!

Rui disse...

Este post é giro por várias ordens de razões (giro curioso, não giro ahah).
Não sei se ainda mantens tudo o que dizes, e se quem te comenta idem, mas da leitura duns e doutros te digo: não há como estar fora do armário. Sai quando quiseres, como quiseres, mas sai, garanto-te: não há nada melhor.
Não te consigo explicar qual é a diferença porque não é explicável, só vivenciável.
O que te posso dizer é que me imagino perfeitamente a escrever este post (não tão bem... ;)) há uns 7, 8 anos, e fazendo a comparação com o presente, digo-te: não há comparação. É que continuo a concordar com tudo, palavra por palavra (não há "orgulho gay", não há razão para etiquetagens, etc etc) mas a perspectiva é tão diferente... É que assumires poupa-te a bocas (é muito mais fácil mandar bocas quando a pessoa não é assumida; quando é, é comprar uma guerra de caras - e a maioria das pessoas é demasiado cobarde pra isso), poupa-te a conversas TONTAS ("ai que desperdício"), poupa-te a perguntas parvas ("então, a namorada?"), poupa-te a tanta, tanta coisa... E mesmo em relação a paradas, prides, ghetos gays, torna-se tudo uma decisão: "não vou porque não me apetece" (só. é só esta a questão, depois) e isso é a coisa mais libertadora do mundo...
E quando o assunto esmorece (como todos), torna-se um rótulo tão trivial que já nem servirá de rótulo...
Mais não digo, não quero fazer a apologia do outing, não é esse o objectivo. Só dizer-te: se um dia saíres, nunca mais queres entrar. E nem voltas a pensar nisto que escreveste. No meu caso, a minha cabeça continua avariada, mas é pq consigo sempre arranjar novas maneiras da avariar - mas eventuais avarias derivadas do "saio ou não, é bom ou não, é CORRECTO ou não, devo ou não", nunca mais existem... :)
Quanto a obrigações de estrelas em assumirem-se, tenho mesmo que dizer (e não vou contra o que tu próprio dizes): se gostam do mesmo sexo, têm companheiro e escondem, demonstram vergonha. E é pena. Porque assim nunca mais há maneira de se deixar de ter vergonha duma característica tão banal como outra qualquer. Assim nunca mais acaba isto...
ABRAÇÃO (e gosto da metamorfose... gosto mais do teorema, mas tb gramo da metamorfose... ;)).