25.5.07

Trompe-l'oeil


And so it is
Just like you said it would be

Life goes easy on me

Most of the time

And so it is

The shorter story

No love, no glory

No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you

I can't take my eyes off of you

I can't take my eyes off you

I can't take my eyes off you

I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be

We'll both forget the breeze

Most of the time

And so it is
The colder water

The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you

I can't take my eyes off of you

I can't take my eyes off you

I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you

I can't take my mind off of you

I can't take my mind off you

I can't take my mind off you

I can't take my mind...

My mind...my mind...
'
Til I find somebody new

(The Blowers Daughter, Damien Rice)


Vira e mexe, esta música ― que chegou a ter uma versão em português, cantada pela brasileira Simone (a posteriori, o Bob informou-me que existe também uma outra, que não conheço infelizmente, do Seu Jorge e Ana Carolina)― resolve aparecer para me atazanar o juízo. A primeira vez que a ouvi foi na banda sonora do filme Perto Demais (Closer, no original), de Mike Nichols. É uma música boa para a dor de corno, de cotovelo, mal de amor, tesão recolhida, o que quiserem, mas eu gosto, fazer o quê…
Não, não estou pró-depressivo… Bem pelo contrário, ando animado e cheio de más intenções (porque de boas, já lá diz o povo, está o inferno cheio! Rs*). Para utilizar um termo do meu comparsa Latinha, foi só mandar o bode pastar para bem longe da minha vista que o tempo clareou e o sol voltou a brilhar. Agora, Inês é morta (para quem não conhece a expressão, é uma alusão ao amor trágico de D. Pedro e D. Inês de Castro)!
Mas já que falei em Closer, sabem os quatro actores ― Julia Roberts, Jude Law, Natalie Portman e Clive Owen? Pois se tivesse que escolher um… ficava com todos (posso? Rs*). Não, também não estou em negação nem a fazer um retrocesso ― continua a valer a minha “teoria” de que acho a bissexualidade inviável a longo prazo, pelo menos para mim ―, mas uma coisa (ser gay ou estar a caminho de o ser, rs*) não exclui a outra (cobiçar o que é belo sem olhar ao género, rs*). Aliás, e aproveitando a deixa, há dias fui confrontado com um fait-divers que me rendeu à evidência. Passo a contar: em Amesterdão (Amesterdã para os amigos brasileiros), essa cidade democrática ― a única onde dormi numa camarata, com os meus valores debaixo da almofada, mas deixa para lá que a “associação de ideias” tem limites e a vossa paciência também ―, existe um bar onde as casas de banho (banheiros) não se dividem em masculino e feminino, mas sim em hétero ou gay… Fiquei a pensar no que faria, se estivesse lá, na hora do aperto… Conclui que, mesmo não tendo ninguém conhecido por perto, o mais certo seria eu ainda assim optar pela hétero! Aposto que a gay deve ser bem mais animada (no mínimo!), mas o rótulo ainda me faz comichão ― traduzindo: a ideia de ser gay já não me incomoda nada; o que me incomoda é saberem que sou. Afinal, Roma e Pavia não se fizeram num dia.



Cena de Shortbus, D.R.


E como hoje estou muito dado ao encadeamento discursivo, a questão do flagrante leva-me a outro facto ocorrido há uma semana. Fui ver, com um atraso considerável, Shortbus. É muito raro, eu cair de pára-quedas num filme sem, pelo menos, ter lido alguma coisa a respeito. Sabia por isso ao que ia. Quero dizer, mais ou menos.
Devo dizer que, mal a fita começou a rodar ― e lá estava eu, como gosto, quase sozinho na sala, esparramado numa fila de cadeiras só para mim, num final de tarde em que deveria estar a trabalhar ―, percebi logo que o filme ia superar em muito aquilo que tinha imaginado… Para já, e por ser, para todos os efeitos, uma obra comercial, nunca pensei que fosse tão sexualmente explícita ― sobretudo nas cenas entre homens, o que é muito pouco comum (nem Almodovar, na sua fase menos hollywoodesca, se atreveu a mostrar tanto em filmes como A lei do desejo) ―; depois, a sua mensagem apanhou-me na curva. Não estava à espera… Fiquei perturbado e a pensar na vida.
Em traços muito gerais, Shortbus é um clube de sexo livre onde vão parar, entre outras personagens, a terapeuta sexual, que prefere ser chamada de conselheira conjugal, que nunca teve um orgasmo, o gay, ex-modelo, que procura o seu par ideal, a dominatrice-que-o-quer-deixar de-ser-mas-não-sabe-como, ou ainda o casal gay, em que um deles, ex-prostituto, filma os seus passos até à concretização de um suicídio (falhado) por não se conseguir entregar ao amor.
Enfim, a moral da estória, a haver uma, é que o sexo pelo sexo pode ser muito libertador durante um tempo, mas quem faz disso um modo de vida, e não dá espaço para que outros sentimentos e sensações aflorem, acaba, mais cedo ou mais tarde, mergulhado num vazio brutal. Nem de propósito. Sai de lá zonzo.

15 comentários:

RIC disse...

Torrencial, com corrente bem definida. Prendeu-me. Não tive de voltar uma linha sequer atrás. Sinais evidentes de uma excelente escrita e de ideias arrumadas (pelo menos, as que aqui apresentas, já se vê, que das outras não tenho como saber).
O último parágrafo diz-me pessoalmente bastante... Em tempos idos, fiz «terapias» (quem diria que se lhes podia chamar assim...) semelhantes, e os resultados foram de uma pobreza atroz... Ou seja, tu estarás no bom caminho!
Enough!
Um abraço! :-)

Pralaya disse...

Eu gostei muito do filme Closer e se tivesse de escolher tb queria os 4, não sei porque mas pelas mesmas razões...
Quato ao Shortbus ainda não vi, mas cada vez tenho mais o desejo de ver pois todos falam super bem do filme.

Will disse...

LOLOLOL

Pelos vistos andamos todos a ficar meio bissexuais... é que eu também acho que escolhia os 4! Quanto a aos filmes: dois excelentes retratos sobre a forma como o ser humano interage actualmente nos seus relacionamentos (afectivos e/ ou meramente sexuais).

Dou 5 * a ambos!

Anónimo disse...

Dos quatro, eu ficaria com o Anthony Hopkins, o Bob Hoskins, o Kenneth Branagh (olha isso! http://www.mcnblogs.com/mcindie/archives/images/KBBM3m.jpg), o Anthony LaPaglia e o Paul Guylfoyle. Posso?

Nunca ouvi falar desse filme... quero ver!

Anónimo disse...

Procurei foto do minhocão pro post e não achei. Não deve ser o nome "científico". E deve sim ser parecido com a sua ceroula: uma "cueca" que parece uma calça, cobrindo até os tornozelos, feita de malha mais ou menos elástica e com buraco no meio pra sair o passarinho. Coisa assim... :-)

BlueBob disse...

Também gosto muito dessa música. Mas prefiro a versão cantada pelo Seu Jorge e Ana Carolina. Quanto aos quatro atores citados, hoje ficaria com o Jude Law e Clive Owen. Gosto das atrizes tb, mas tô mais pra gay que pra bissexual.
Também me incômoda isso de saberem que sou gay mas, devagar a gente chega lá.
Fiquei também muito interessado em assitir esse filme Shortbus, principalmente pelo que passei uns dias atras. Vou ver se acho na locadora ou esperar sair em dvd para assistir. Isso de sexo pelo sexo pode parecer bom na hora, mas o vazio é certo no final.

Beijos

Latinha disse...

Closer é um filme pertubador, senti-me incomodado ao final... é um filme que me pensar. Quanto aos atores, acho que nessa eu fico com as "meninas", apesar do Jude Law ser muito bonito, ninguém é pareo para a "Deusa suprema da boca grande" Julia Roberts e para Natalie Portman, ela tem tudo o que eu amo... ehehe pele clara, cabelos escuros e gosto de jeito dela.

A música é linda... quanto a música, eu prefiro a versão com a Ana Carolina e o Seu Jorge, eles fizeram um outra versão a partir da música, me diz muito mais que a da Simone.

Putz... to fazendo disso um post, ehhee. Mas assim, duas últimas coisas, eu prometo! Sexo pelo sexo é algo que não tenho me arriscado a fazer... creio que a pessoa precisa estar com a cabeça muito boa para isso... não é o meu caso, eu quero mais! eu preciso de mais!

Quanto ao banheiro, ehhee, já me vi em situação parecida.. é uma coisa surreal! O recinto em que eu me encontrava... só tinha 1 banheiro "para todos", não tinha para onde correr... confesso que fiquei meio intimidado, mas a natureza foi mais forte! Mas sobrevivi...

Grande final de semana para você!!

Poison disse...

Olá!!!

Lembra de mim? Espero que sim, né?

Entre Roberts, Owen, Law e Porter???
Fácil: escolho você, com certeza!!!!!!!

Hahahahahahahaha!!!!!!!!!

Meu querido português, eu simplesmente AMO, ADORO e VENERO essa música. Irrito todo mundo à minha volta, pois escuto vááááárias vezes!!!

Shortbus é power!!! E sua "leitura" do filme é absoluta!!! Perfeito!!!

Abraços!!!!

Poison disse...

Porter??? Desculpe: Portman!!!!

Latinha disse...

Clipe da Ana Carolina e seu Jorge no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=SDZflK_CNKk

Mi disse...

Não podia deixar de comentar este post.
Esta música, acompanhar-me-á para sempre...
Como bem dizes, pode ser uma música para a dor de corno, de cotovelo blábláblá, mas eu gosto. E muito!
Quanto ao filme, pois... Também irá ficar gravado na minha memória. Na altura que o vi, e por diversas razões, "mexeu" demasiado comigo e marcou. Fui desafiada a ir vê-lo de uma forma muito curiosa... Enfim! Contas de outros rosários...


Bom fim-de-semana!

Moura ao Luar disse...

Sexo por sexo... vazio... por vezes demoramos a associar as ideias por essa ordem, e há quem nunca chegue a admitir o vazio... mas ele existe, está lá

FOXX disse...

amigo


inês é morta!


kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
vc me fez lembrar tanta coisa com essas três palavras...
ai meu deus
toda minha faculdade voltou de sopetão...


além de "Roma e Pavia não se fizeram em um dia"... adoro essas expressões... me lembram Eça, amo Eça, vou voltar a ler Eça...


sobre sexo sem amor... bem, meu coração negro naum consegue mais engolir estes papos romanticos de que o sexo deve existir apenas por amor... pra mim continua ai dentro embutido o mesmo preconceito contra a sexualidade que criou a homofobia, como ele desistiu da homofobia agora querem criar o amor gay, q o gay (ou hetero) que faz sexo sem amor é um pervertido pecador, sexo e amor são duas coisas bem diferentes... as pessoas que amo são umas, as que faço sexo (qndo eu fazia... que agora estou numa fase meio ruim) são outras... não nego que qndo (quase) juntei as duas foi uma expressão do sublime... mas não passou de um sarrinho...

Anónimo disse...

...interessante, vale a pena pensar mais sobre o assunto. Parodiando Cazuza: eu nunca amei ninguém por mais de 15 minutos. Ahhhh, sorte é eu morrer sem me dar por isso...

disse...

Quero ver se vejo o Shortbus mas ainda não tive grande tempo para o fazer, mas parece que não posso perder mt tempo!!!!

Abraços