11.4.07

No fio da navalha

Got a package full of Wishes
A Time machine, a Magic Wand
A Globe made out of Gold
(…)
What kind of world do you want?
Think Anything
Let's start at the start
Build a masterpiece
Be careful what you wish for
History starts now...

(World, Five for Fighting)


Atrevi-me a pensar em voz alta e a vida resolveu atender-me. Só que, às vezes, temos de ter muito cuidado com aquilo que desejamos. Ou muito me engano ou estou prestes a levar uma rasteira daquelas de deixar mossa. Bem feita! Também não há-de ser um tombo que me vai deixar prostrado por terra a choramingar. Posso até não cair de pé, mas vou-me levantar e seguir o meu caminho.

Sempre tive a mania que sou duro no amor, que não entrego os pontos com facilidade, por isso fiquei sem chão assim que me dei conta de como estava envolvido... Tentei relativizar, atribuir as culpas do súbito arroubo pueril ao factor novidade ― e eu sempre vibro com uma boa novidade ―, mas cedo percebi que estava a criar expectativas demasiado altas. Tentei recuar, desacelerar. Em vão. A emoção não obedeceu à razão e acabei mesmo por me animar mais do que devia ― tive consciência imediata disso, mas de nada adiantou ― com a perspectiva de ter encontrado, finalmente, um parceiro à altura de um jogo que insisto em jogar: o da provocação mútua, do toca-e-foge, do manter sempre a fogueira acesa com mais achas… enfim, já falei aqui deste jogo, não vale a pena estar-me a repetir.

Foi ele que se anunciou à chegada e que me desafiou para a partida, mas, de certa maneira, fui eu quem mexeu os cordelinhos para que ele desse com o caminho. Desde o início, ele jogou uma cartada de mestre (tiro-lhe o chapéu por isso e reduzo-me à insignificância de mero aprendiz de feiticeiro): deixou-me ficar com a ilusão de que, por estar a jogar à defensiva (como, aliás, é meu hábito), era eu a controlar o andamento do jogo. Nada mais falso. Eu é que fiquei viciado desde a primeira hora, eu é que acabei por revelar mais do que queria e eu é que, a partir dai, fiquei sentado à espera que ele se digne a aparecer para continuarmos o jogo.

Ainda não percebi qual é a dele. Juro que não. Não me parece que seja um tipo (cara) dissimulado, estou até convencido que é um gajo porreiro (legal), genuíno e correcto. Estou é na dúvida se as suas aparições às pinguinhas são estudadas para se fazer desejado ou se, pura e simplesmente, ele não está nem ai e as nossas conversas são apenas uma forma divertida de passar umas horas quando a sua vida preenchida assim o permite (não sei quase nada da sua vida, tal como ele não sabe quase nada da minha).

Quer ser apenas meu amigo, quer ser mais do que isso ou nem uma coisa nem outra? Às vezes tenho a impressão de que eu é que sou marinheiro de primeira viagem, mas ele é que se está a fazer de difícil. Na verdade, não tenho o direito de pensar assim, pois se ele não diz claramente ao que veio, também eu não digo claramente o que quero. Estamos quites, portanto.

Seja como for, estou a ficar frustrado com o rumo que o jogo está a tomar. Comecei por ficar ansioso, mas agora estou a ficar irritado, pois acho que a situação fugiu completamente ao meu controlo e Deus sabe como eu detesto perder o controlo. O meu orgulho ferido de macho ordena-me para saltar fora enquanto é tempo, pois não faz (ou não fazia) parte dos meus planos ficar pendurado à espera que um marmanjo se digne a aparecer quando ele muito bem entende ― mesmo que continue a desconfiar que ele não faz isso por mal. Por outro lado, sei-o bem, tem sido este maldito orgulho que me tramou noutras alturas da vida e que já me levou a desperdiçar muitas oportunidades. Estamos os dois a jogar no fio da navalha. Quem é que se vai cortar primeiro?

Tenho quase a certeza que vou ser eu, mas, se calhar, fui eu que me precipitei e confundi as regras do jogo. Um dia ainda vou aprender que estes jogos não me levam a lugar nenhum. Mas não é fácil largar vícios antigos…

Cansei-me de charadas e de enigmas. Não quero mais vestir a pele do homem-misterioso. Basta de palavras ditas pela metade. De intenções veladas. Estou farto de bater a portas incertas onde tenho de entrar de olhos vendados, às cegas. Para variar, agora quero encontrar uma porta aberta, onde possa entrar de olhos bem abertos, sabendo de antemão o quê e quem vou encontrar do outro lado. Não quero mais brincar a isto.

No pain, no gain.

12 comentários:

Anónimo disse...

É difícil manter esse tipo de relacionamento em que não se sabe o que o outro está realmente pensando, se não se passa de brincadeira ou se há curiosidade ou intenções sérias, verdadeiras. Não dá para saber se vale a pena investir tempo e sentimentos nisso. Talvez seja melhor partir para outra ao invés de ficar na espera. É muito chato esse tipo de joguinho (se diz assim em Portugal também?).
Um abraço!

Anónimo disse...

Tomara que ele leia este blogue e que o próximo movimento seja atirar-se em seus braços de uma vez!!

Tá meio cifrado do meu lado sim, mas não liga não! :-)

Beijo!

disse...

É complicado gerir e peceber por vezes os sentimentos dos outros, até como referes, o vosso conhecimento é recente, daí que cada um pensa à sua maneira. Ninguém é igual a ninguém, e apesar de estarem a 'jogar' o mesmo jogo, cada um tem os seus 'dados', dados esses que podem ter interpretações diferentes. O tempo é um fiel conselheiro... e se correr mal, fica uma expriência, sem contudo querer dizer que é será sempre assim!

Abraços Zé

Anónimo disse...

É difícil opinar num caso destes, mesmo sendo uma situação, que com uma ou outra variação, já todos fomos vivendo.
Se por um lado, gostaríamos de não ter que questionar o futuro, também por outro , o "jogo" atrai-nos, mesmo que perigoso...
E depois há sempre aquela dúvida, se decidimos abandonar a contenda: "E se tivesse dado?..."

FOXX disse...

sempre me dou mal nesses jogos
por isso
q oficialmente
estou fugindo deles
como o diabo foge da cruz

BlueBob disse...

Oz, esses contatos virtuais que temos com outros tem seu lado bom e mau. O lado mau é que não podemos ver com quem falamos (a nao ser se ambos tiverem cam). Uma coisa que gosto muito de fazer ao conversar com alguém é olhar nos seus olhos, sentir atraves deles a sinceridade. E isso não temos nessas conversas. É um instrumento a menos que temos pra medir o interesse. Mas se vc sentiu esse interesse pelas palavras, nas conversas que tiveram, dê um crédito. Às vezes passamos por momentos de insegurança, que nos fazem fechar a concha. Mas logo nos abrimos de novo. Pense nisso.

Bjs

Will disse...

Não gosto desses jogos. Nada mesmo. Magoam.

Moura ao Luar disse...

Menino quem anda à chuva molha-se hehe e olha que aqui está quase a chover...

Mi disse...

Os jogos têm tanto de atractivo como de desgastante...todavia, há que olhar para o resultado,seja ele qual for, com algum «fair-play»! Como disse o S&P, o tempo é um fiel conselheiro...

Saudações!
S.

Anónimo disse...

A tua mensagem tocou-me, porque sei bem o que são esses jogos... Sinceramente, enjoei de jogar numa determinada altura da minha vida e desisti mesmo do jogo... Foi o melhor que fiz... è apenas a minha opinião. Muito mais queria dizer-te acerca da profunda temática que levantastes, mas não chegariam as linhas pra traçar a minha opinião, lol!

Anónimo disse...

oz, hj eu vi um filme e lembrei de ti cara, até pq as legensdas eram português de Portugal rsrs,aí as legendas saiam tipos(caras, entre outras frases hehehe, aí lembrei dos seus comentários no meu blog, o nome do filme é get real, ou saíndo do armário na tradução, se tu tiver orkut procure pela comunidade, lá tem o torrent pra baixar a legenda e tudo mais, um filme muito amneiro :)

Anónimo disse...

Por mais que tentemos controla-lo não o conseguimos fazer!
Quando começa a bater mais forte, não há nada nem ninguém que o acalme!
Meu caro, a dor e a angustia fazem parte da vida, assim como, a paixão e a alegria!
Temos de saber conviver com elas...e contra mim falo...porque eu ainda não sei!!
Abração!