16.7.07

A queda

As Asas do Desejo, Wim Wenders

Quantos sonhos em sonhos acordo aterrado
A terrores noturnos minha alma se leva

É um insight soturno é o futuro passando

Na velocidade terrível da queda

Na velocidade terrível da queda

Ante o colapso final
a vertigem
próximo ao chão a penúltima descoberta
Que a lógica violenta das cores tinge

A velocidade terrível da queda

A velocidade terrível da queda

Como cair do céu é tão simples
Queda que a tudo e a todos transforma

Ah! as bombas, a chuva, os anjos e seus loucos

O mundo todo na velocidade terrível da queda

O mundo todo na velocidade terrível da queda

Resvalando em abismos um pôr do sol furioso
Que a sensação de perda ao ver exagera

É o desespero vermelho de um apocalipse luminoso

Ejaculado da velocidade terrível da queda

Ejaculado da velocidade terrível da queda

Diante do medo um sorriso aeróbico
Nas bochechas a caimbra de uma alegria incompleta

Nada como um sorriso burro e paranóico

Para não perceber a velocidade terrível da queda
Para não perceber a velocidade terrível da queda

(A Queda, por Lobão, escutar aqui)



A imagem de Damiel e Cassiel em As Asas do Desejo, de Wim Wenders, os anjos caídos que, um dia, quiseram abdicar do seu pedestal de divindades para rir e chorar como os comuns mortais.

SENTIR.

A vertigem da queda. Trocar o vazio de nada sentir pelo turbilhão louco das emoções. A atracção do que está longe, mas ao alcance da mão. Voltar as costas ao conhecido, ao certo, ao previsível e ao que nos fez feliz, mas já não basta. Mergulhar de cabeça no desconhecido, no incerto, no imprevisível e no que nos poderá fazer sentir vivos.

Como abrir uma porta sem fechar a outra?

É possível a transição entre um mundo e outro?

Onde está a ponte?

A vertigem da queda. Olhar uma última vez o que já passou. Espreitar mais uma vez o que está por vir. Andar no arame. Num equilibro insustentável. A queda é eminente. Trocar as asas por um coração. Abandonar o pedestal seguro dos que tudo vêem e ouvem, mas nada sentem, pelas pernas doloridas dos que não se cansam de errar o caminho na tentativa de acertar.

SENTIR.

15 comentários:

João Roque disse...

Mil vezes o sentir, eventualmente sofrido, mas nosso, palpável e passível de gratificantes vivências, do que o vazio, do que a ausência, indolor, mas oca.
A Vida é sentir!

Latinha disse...

Não consegui achar uma citação que li uma vez... mas em linhas gerais ela dizia que os portos são os lugares mais seguros para os navios, porém, eles não foram feitos para ficar ancorados.

Da mesma maneira nós também não! Tenho certeza que essas mesmas pernas cansadas ainda vão acertar o caminho e sentir a alegria daqueles que se encontraram, que alcançaram um objetivo.

Tenho certeza que no momento certo teu coração saberá conduzi-lo por entre portas e pontes.

Forte abraço!

"Nas horas graves os olhos ficam cegos. É preciso então enxergar com os corações" (Saint-Exupery)

Unknown disse...

Amigooooooooooooo! Blz? que lindo o qeu vc escreveu! Adorei! Gato, mil beijos prá ti, viu?

Râzi disse...

Pode parecer uma coisa estranha de se dizer, mas eu jé estive no dilema entre as asas e o coração... e se me perguntasse naquela ´´epoca o que eu achava, diria sem titubear " as asas!!!"

Mas hoje eu tenho um coração... e digo sem medo de errar, quem tem um coração não demora a ganhar suas asas!

Beijão!

Anónimo disse...

Depois de Latinha e Ricardo - comentários perfeitos! - , só me basta mandar meu beijo!

RIC disse...

Bem me pareceu que tens andado «somewhere over the rainbow»...
Creio que é porque sentimos que reagimos à vida e continuamos a viver. Se sentir nos leva à beira do abismo e à queda é porque essa parte to trajecto também é parte do sentir. Racionalizar emoções nunca deu bom resultado. Às vezes, vê-se melhor de olhos fechados...

Anónimo disse...

Há pessoas que sentem o mundo e há aquelas que pensam o mundo. São os extremos, e há muitos de ambos os lados. Mas quando a natureza promove um equilíbrio individual entre o pensar e o sentir, podemos afirmar que somos um.

Amo teus textos.

Abração!

Gus

Will disse...

Fizeste-me lembrar o "A cidade dos anjos"...

Acho que a moral é a mesma: a aposta certa é no sentir =)

Poison disse...

Sr. Oz e sua reflexões emblemáticas e profundas... hehehe!!!!
É quase impossível comentar seus posts à luz do dia... Eles combinam com a madrugada, uma garrafa de Cabernet e trilha sonora puxada no jazz... hehehe!!!

Muito mais importante que o "ponto de chegada" são os caminhos, as escolhas e as renuncias que fazemos para chegar nele!!!

Na dúvida, eu escolho o SENTIR, sempre!!!

Abraços e boa semana!!!

Anónimo disse...

Oi,

As vezes sinto que a minha vida é só vertigem,
Vontade interminável
de cair e ir sempre mais
abaixo.

Sinto saudades de ti no meu blog.

Te adoro.
Beijos.

BlueBob disse...

Já vivi a fase das asas, vivendo em cima de um pedestal, só observando e desejando. Cortei as asas e hj vivo a fase do sentir, tentanto acertar. Será que virão mais fases?

Bjs

Anónimo disse...

E como o senhorito está se sentindo hoje? :-) Espero que tenha um bom fim-de-semana! Beijo.

FOXX disse...

bem
pq será que lembrei de cidade dos anjos?


=]

Unknown disse...

Gato, por onde vc anda???? Beijos!

Poison disse...

Sr. Oz!!!

Está sumido, hein?

Atualizações, SVP!

Abraços!!!